Imagine você em um churrasco em família. Ao redor da mesa cada um de seus familiares: a anfitriã, perguntando diversas vezes se a comida está bem temperada ou se já esfriou. O seu primo, adepto a mudar de dieta a cada vez que você o vê. Desta vez está sem comer glúten. O seu tio, engraçadíssimo e beberrão atrás de uma montanha de carne, linguiça, arroz, farofa, maionese e o que mais ele pôde encontrar naquele banquete.
Agora depois do almoço, o que acontece? Alguns estão ansiosos por lavar a louça, outros o fazem apenas por educação. Outros sequer pensam na louça e partem para um cochilo ou para aproveitar a piscina neste belo dia ensolarado.
Alguém corajoso (ou inconsequente) mergulha de ponta na água. O seu peito é paralisado e esmagado imediatamente pelo frio. Seus pelos se eriçam sob o ataque de milhares de pequeninas pontadas de gelo e é possível sentir em todas as partes do seu corpo a água correndo. Poucos segundos depois, ao vir à superfície do outro lado da piscina, quase toda essa sensação já passou. Ele então grita: "Venham, a água tá ótima!". Aos poucos, outras pessoas vão entrando na piscina gelada, cada um à sua maneira, naquele dia de calor.
Com o tempo, alguns vão dizer que a temperatura da água está fria demais, e vão se secar ao sol, tremendo de frio por algum tempo. Outros ficarão sentados à beira da piscina, com os pés dentro da água. Outros ainda ficarão o resto da tarde na água sem sentir frio, ou sentindo, porém acreditando que ele é completamente tolerável e que vale mais a pena aproveitar a piscina ao máximo.
Você parou para pensar como numa situação banal como essa as pessoas se comportam de forma tão diferente? Durante o almoço isto é óbvio. Mas é na piscina que a situação me chama a atenção. Por que algumas pessoas sentem frio, enquanto outras sentem e o toleram e outras simplesmente não sentem frio?
A explicação para o fenômeno que ocorre na piscina é bastante complexa, e discorrer sobre ele não é o foco deste texto. O ponto que quero destacar é que as pessoas sentem o frio de formas diferentes, mesmo estando todas na mesma piscina. Da mesma maneira, há pessoas que têm uma resposta exagerada à dor, mesmo diante de um estímulo de dor leve. Esses estímulos não incomodariam, ou causariam pouco desconforto, em quem não tem fibromialgia. Para quem tem fibromialgia, um simples toque ou até mesmo um abraço pode causar dor intensa.
A origem da fibromialgia é bastante complexa, e está relacionada a fatores genéticos e outras alterações no funcionamento do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e dos nervos periféricos. Além de ter certa correlação com presença de algumas doenças imunomediadas (auto-imunes) e psiquiátricas.
Um primeiro passo para aquelas pessoas que tem sintomas compatíveis com os da fibromialgia (dor crônica generalizada, insônia, depressão ou ansiedade, fadiga, dentre outros) é um diagnóstico adequado. Existem diversas doenças que podem causar sintomas semelhantes aos da fibromialgia. Em segundo lugar, é fundamental entender bem do que se trata esta condição. E por último, acompanhamento com um profissional experiente na área, que possa prover o melhor tratamento disponível para cada caso, seja com medicamentos, ou principalmente, através da atividade física!
Caso tenha interesse em saber mais sobre fibromialgia, atividade física e outras doenças reumáticas, fique ligado na seção "Além da dor", onde poderá encontrar informações valiosas sobre esses temas! Boa leitura!